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domingo, 21 de junho de 2009

Amor






"O amor é quando a gente mora um no outro. "
(Mario Quintana
)









Mario Quintana é um de meus poetas preferidos, mais queridos. Ele parece conhecer meu jeito de sentir e de repente ao ler suas poesias encontro meus sentimentos escritos por ele, de um jeito que eu não saberia dizer, tal a simplicidade que ele usa.






Para mim o amor é isso morar um no outro, conhecer seus caminhos e seu interior. Estar ali com tal simplicidade, com tal intimidade, que mesmo ao fechar os olhos, os caminhos são de cor, de cor-ação, sem as grades da prisão.




A gente complica tanto as relações afetivas, cria tantas expectativas e cobranças e o amor é coisa muito simples, tão descomplicada, que até confunde. Mil poetas já escreveram sobre o amor, mas para mim falavam de outras coisas...de suas frustrações, de seus desejos, de suas neuras, de seus egos frágeis e sensíveis.




Pouco sei da vida, mesmo agora já estando mais madura, é impossível dizer que sei qualquer coisa com segurança. Mas algo eu aprendi sobre o amor, ele é simples e descomplicado, bem diferente do que é dito nas palavras de "amor", o amor é uma atitude que caminha livre na direção do outro, sem medo de se perder, sem medo de se entregar, sem incertezas de qualquer natureza.




O amor não se corrompe com o ego, e se por qualquer razão ele se confundir com esse obstáculo, logo recua na direção correta, é muito fácil para ele que é um destemido sentimento.


Morar um no outro, como o Quintana diz, não requer aluguel, contratos com a Caixa Econômica, nem financiamentos. Justa a morada do amor é sem cobranças e os papeis não valem para nada. O único critério que importa é a simples atitude do CUIDADO, não está escrito em parte alguma, mas quem ama cuida. Cuida de tal forma que o caminho para o outro está sempre livre, limpo e claro. Cheio de desafios e obstáculos talvez, porém jamais sem as belezas das novas descobertas.




Diferente da paixão, da piedade, da complacência, da tolerância e principalmente da esmola. O Amor é soberano, e jamais deixaria alguém com o coração em pedaços...
É difícil morar uns nos outros, é um aprendizado que requer tempo e disposição. Um dia, quando pudermos todos morar uns nos corações dos outros, teremos realizado aquilo que chamam de Fraternidade...

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Procurei pela Rosa, mas os espinhos me feriram...



Li certa vez, em algum lugar, que a gente precisa decidir se são as rosas que tem espinhos, ou se são os espinhos que tem rosas...esta é uma questão de bastante profundidade, e o que decidimos em relação a isso faz toda diferença na forma como encaramos algumas situações em nossas vidas...

Não sei se é possível alcançar tal grau de maturidade até chegar ao ponto em que não faremos mais expectativas sobre os outros...Ai, que coisa difícil...

A gente olha para o próximo e sai fantasiando um monte de coisas que não são a realidade, e acabamos por ver aquilo que gostaríamos que fosse, do jeito que precisamos. Isso, convenhamos, é bem mais fácil do que buscar em nós mesmos as tão necessárias mudanças.

Temos a mania de reduzir os outros a uma única qualidade, e torna-se difícil ver as tantas facetas que uma pessoa pode ter. Assim criamos expectativas, corrompemos nossa percepção e transformamos o outro no nosso objeto de desejo simbólico: Ele tem ou é algo que nunca teremos ou seremos!!!

Mas vamos pensar...HUM! O outro lá é um pobre mortal igual a mim, cheio de medos, inseguranças, dúvidas, momentos de instabilidade, tropeços na vida, ai ai ai, nada tão espetacular assim.

E eis que um dia vamos lá procurando as rosas e achamos os espinhos, e vem a dor da desilusão, que é tão sofrida, porém abençoada por nos tirar os véus dos olhos. O tal sujeito que é tão paciente também perde a calma... o que sempre dá certo nas escolhas amorosas leva um chute no traseiro, o bonzinho te dá uma facada nas costas, eta mundo cruel, o que é isso minha gente?

Ah...isso é a nossa vida, com suas pessoas incrivelmente humanas, cheias de amor e ódio, lado A e lado B, capazes de coisas sublimes e coisas terríveis, muitas vezes espetaculares, principalmente se gostamos delas, mas nunca perfeitas, nunca do jeito que as idealizamos!
Todos os nossos queridos amados pais, filhos amores, amigos, colegas, todos nós tão humanos, que me perguntei outro dia, o que nos qualifica como humanos, nossas belezas ou nossas feiuras, aquilo que ao ser visto é apreciado e aplaudido, tão fácil de ser amado e querido, ou nossas limitações e momentos descabidos, em que perdemos o controle e ferimos alguém ou expressamos os sentimentos menos nobres de raiva, ciumes e inveja? Já pensou nisso?

Pois é, essa idéia me persegue desde o dia que eu e meu marido jantamos com duas lindas amigas e ficamos filosofando sobre isso!

Cheguei a minha conclusão: Se desejarmos as rosas, precisamos aprender a lidar com os espinhos, se são as rosas que possuem os espinhos ou é o contrário disso não me importo, fico com o conjunto da obra. E assim tento fazer com as pessoas e comigo mesma. Fico com a singularidade deles, coisas boas e ruins que compõem o conjunto dessas almas que entram em minha vida. As vezes aprendo com os que me ferem, e as vezes aprendo com os que me amam.
Da mesma forma que as rosas não estão aqui para me agradar, as pessoas também não estão...

Se desejo viver entre as pessoas preciso ama-las integralmente, e pode ser uma boa idéia, em vez de reclamar dos espinhos alheios cuidar do meu próprio roseiral, porque até onde me conheço, meus espinhos são iguais ao de todo mundo!
















sexta-feira, 12 de junho de 2009

PARE DE CHORAR AS PITANGAS, PORQUE EXISTE UM MUNDO NOVO NASCENDO BEM AGORA!




Que faço para ter a mais larga visão das coisas e do mundo em que vivo, se para falar a verdade, tal qual uma avestruz me pego procurando o buraco mais próximo para enfiar minha cabeça dentro?


Ah gente, vou dizer uma coisa, palavras são fáceis, mas atitudes é que são o problema. Se vivêssemos de discursos seria uma maravilha, principalmente para nós, os terapeutas, acostumados com o uso da palavra, que serve como ferramenta de trabalho...mas não é bem assim que acontece, pois como dizia vovó, na casa do ferreiro, o espeto é de pau!

Desse mal todos sofremos, as palavras vão para um lado, e as atitudes vão para o outro, e muitas vezes ser avestruz é uma maravilha. A gente fica por lá, fazendo aquela cara de paisagem e esquece como a vida pode ser trabalhosa e complexas as soluções para nossos problemas, ui!


As vezes mudar uma atitude, um hábito, um vício de pensamento, é tão duro quanto mudar uma montanha de lugar. A gente fica ali atacando o problema como se ele fosse uma rocha, um muro e nossa visão de avestruz nos indica invariavelmente uma solução equivocada e distante de nossa alma. Interessante, não é?


Como observador distanciado a gente até pode falar isso, mas como a pessoa em questão, que se desespera com suas dificuldades, não tem graça nenhuma!!!


Não temos formulas, bem que eu gostaria...já pensou, solução em pílulas para todas as nossas dificuldades? Nem mesmo as melhores tecnologias da bioquímica são capazes de vir com as verdadeiras respostas de nosso mais profundo ser, nossas questões mais intimas sempre serão enigmas que se abrem no tempo certo para ser respondido e decifrado, sabe-se lá com que tipo de ajuda.

Ficar fantasiando assim tem um gostinho de infância, de soluções mágicas, a gente sabe que não vai funcionar mas gosta de imaginar que sim.

Amadurecendo um pouco mais a questão, talvez para as coisas simples que se constituem em problemas por toda uma eternidade, valesse a pena tirar a cabeça do buraco e olhar ao redor antes que o conflito vire uma catástrofe. Funcionar no "modo avestruz" tem prazo de validade, e não costuma durar muito tempo.

Nossa vidinha está ai para ser vivida, cada um escolhe seu jeito de vive-la. Se ela é magica, linda, sem sal ou um tormento, pode ser que assim seja de fato ou seja apenas uma perspectiva a partir de seu posto de observação. De todo jeito é sua, e não há como transforma-la se você mesmo não estiver com vontade de mudar.

De uma coisa estou certa, estamos interagindo numa unidade com a vida, ela sempre nos corresponde. Nada que fica parado pode ter um bom resultado. Tudo se move, a terra gira, as células pulsam, há uma instabilidade necessária para que o equilíbrio se mantenha. porque então não mudar nosso jeito de encarar as coisas?

Ficar parado no mesmo ponto chorando as pitangas (ai que coisa mais antiga...)não nos permite ver além daquilo que habitualmente vemos. Existem novas direções, um novo Eu que está para acontecer, um novo jeito de amar, um novo amor para encontrar, uma nova rebeldia para viver, novos amigos para conquistar, novas idéias para sonhar, atitudes novas, se você olhar bem, vai ver que há um novo mundo nascendo bem agora...





segunda-feira, 8 de junho de 2009

NÃO TE DEIXES DESTRUIR...


Aninha e suas pedras


Não te deixes destruir...

Ajuntando novas pedras

e construindo novos poemas.

Recria tua vida,

sempre, sempre.

Remove pedras

e planta roseiras

e faz doces.

Recomeça.

Faz de tua vida mesquinha

um poema.

E viverás no coração dos jovens

e na memória das gerações que hão de vir.

Esta fonte é para uso de todos os sedentos.

Toma a tua parte.

Vem a estas páginas

e não entraves seu uso

aos que têm sede.

Cora Coralina (Outubro, 1981)
A maravilhosa Cora, que se fez tantas para poder ser uma, só podemos render homenagens pela coragem e a manifestação da simples verdade: Não há tempo para uma pessoa florir, não há data certa para alguém acontecer na vida, apenas existe a vontade e a coragem de ser, sem desculpas...

NÓS, ESSA OBRA POR TERMINAR!


O que sabemos de amor próprio, o que sabemos do gostar de si mesmo?

Quem nos ensinou sobre isso foi um bom instrutor, ou ele próprio vivia submetido a alguns valores corrompidos sobre o que é de fato o amor?

Fomos educados a descobrir quem somos, ou nos orientamos a ser como gostariam que fossemos?

Nossas singularidades como pessoas únicas foram apreciadas como um dom divino ou foram rejeitadas por interferir na cultura social?

Fomos educados para apreciar nossos erros e dificuldades como elementos de crescimento, ou aprendemos sobre a culpa e a vergonha de não atender as expectativas alheias?

Engolimos o mito de sermos perfeitos ou nos ensinaram sobre a bênção de reconhecer os erros e voltar atrás para refazer nossos projetos de vida?

Você conseguiu entender que você como obra, é um projeto ainda por acabar e por isso pode ser continuamente trabalhado, revisto e adequado aos seus anseios ou vive na ilusão que sendo como é (parece ser) está condenada a um perpétuo estado de desgraças ou glórias?

Ter uma visão humana e delicada de quem somos requer esforço e coragem, creio que também um pouco de humildade, já que para muitos de nós, em algum momento descobrimos que não somos os mais inteligentes ou os mais bonitos filhos de fulano de tal, ou quem sabe ter que lidar com a não menos difícil tarefa de adequar uma imagem corrompida pela mágoa e culpa e não se ver mais como a mais burra ou perversa das criaturas!

O que eu vejo meus amigos é que educar uma pessoa na direção dela mesma é uma difícil arte, que para a maioria das pessoas torna-se um confuso ato de permitir que a pessoa se descubra e a imperiosa ansiedade de transformar alguém em uma obra de arte, que na maioria das vezes nenhum museu de nome aceitaria.

Como somos frágeis criaturas, uns mais que os outros, e vivemos muito mais assentados na imagem que temos de nós, do que propriamente assentados sobre a consciência de quem somos nós, lá vai uma receitinha caseira: RESPEITE-SE, AME-SE !

Quando? A todo momento, principalmente se pegar-se repetindo velhos clichês como os excessivos auto-elogios ou auto-acusações, pois provavelmente você deve estar se orientando para algo bem distante de você mesmo.

Reconsidere que no palco da vida, apenas seu EU MAIS PROFUNDO PODE LHE DIZER SE VOCÊ ESTÁ OU NÃO NO CAMINHO DA SUA VERDADE, E EU LHE GARANTO, QUE ESSA VOZ É SERENA, COMPASSIVA, CHEIA DE AMOR E BONDADE, então fique tranquilo para fazer suas mudanças em paz, pois por mais que pensemos que todos estão olhando para nós, na escala do universo somos invisíveis, rsrsrs...

Nesse impasse de ser quem somos e ser um fragmento dos sonhos familiares, precisamos escolher com muita consciência a direção que daremos para nossa própria vida, e simultaneamente aprender a respeitar cada pessoa com aquilo que ela tem de melhor e de pior.

AME-SE, RESPEITE-SE, SEJA GENTIL COM TODOS!

quarta-feira, 3 de junho de 2009

O inesperado, a vida...+ outras coisas.


Vida bela ,vida louca...Não sei se levo você ou se você me leva...

Gostaríamos de crer que estamos no comando de tudo, mas não é assim. Nossos sonhos e planejamentos trafegam num "à deriva". Pensamos, e gostamos de pensar assim, que tudo segue um curso exato, e todo plano e projeto sempre chegará ao seu lugar de destino, que foi aquele que nós idealizamos.

Mas o que entendemos de destino? Que entendemos da vida? O que fazer com aquele traço de ansiedade que vive oculto em nós?

Ainda sobre o impacto da tragédia que vivemos com a queda do Air France, poderíamos nos perguntar sobre os planos que traçamos para nós e para aqueles a quem amamos, e sem dúvida seria assustador perceber a fragilidade da vida, a questão do inesperado e da mão invisível que chega mudando planos e sonhos.

Será que a vida é impiedosa?

Não creio que seja assim, ela é bela e é louca, por isso torna-se misteriosa e enigmaticamente fascinante. Neste fascínio ela tira umas coisas, nos rouba amores, nos traz o luto, nos oferta doenças e as grandes carências , simultaneamente traz o belo e criativo momento seguinte, cheio de vida e alegrias, traz a esperança dos recomeços, renova as famílias, constrói futuros impensáveis, reúne pessoas e traz esperanças de curas.

Que estranho, não?

Essa vida louca e bela, da qual nada entendemos, se curva diante do inesperado, e mesmo aquele que se sente poderoso cai de joelhos diante da surpresa que ela nos traz. Diante de uma pequena vida que nasce, o mais bruto dos seres se enternece, diante da morte só nos resta aceitarmos nossa condição finita na matéria, diante do amor verdadeiro somente a fragilidade da entrega é capaz de nos deixar capacitados para recebe-lo, quanto mais vulnerável mais amor sentiremos.

A vida é louca, não é? Cheia de paradoxais intenções. Um vento nos derruba, um abraço nos cura, quando doamos nos enriquecemos, um ato de amor nos redime, um micro organismo nos mata.

A vida é louca porque não sabemos como fazer para que ela corresponda aos nossos anseios. A vida não se deixa comprar nem seduzir. Nós é que nos enganamos com ela, achando que estamos no controle de alguma coisa.

Ao mesmo tempo a vida é bela, pois mesmo nos momentos mais dificeis encontramos no ser humano o que ele tem de melhor, sua solidariedade, amor, compaixão, coragem esperança e fé.

É impossivel entende-la...pelo menos, não pelos meios racionais. Somente confiando cegamente podemos desfruta-la, somente quando arriscamos nos perder é que achamos o caminho. Não é bela?