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quarta-feira, 25 de novembro de 2009

DESCOBRIMENTOS




Quanta importância pensamos ter, e quanto gostaríamos que o que pensamos acerca de nós fosse verdade!

Ai, vem meu imperfeito poeta preferido, o Qintaninha meu querido e diz:


""Nos acontecimentos, sim, é que há destino:

Nos homens, não - espuma de um segundo...

Se Colombo morresse em pequenino.

O Neves descobriria o Novo Mundo!"

Então, num segundo ou quase isso, toda idiota e vã filosofia se esvai, como deve ser...

Constato que a importância que pensamos ter é de fato uma ridícula ilusão, ou apenas nos cabe realmente o papel de coadjuvantes na obra de criação, onde, quando cada um se retira de cena, vem outro e dá sequência a grande obra!

Se você, consegue perceber onde vive e se esconde sua própria arrogancia e vaidade, corra para combate-la, pois voce como eu, se não estivèssemos aqui para cumprir nosso insignificante e nobre papel, o Neves o faria....


Gostamos de pensar nossa importância e valor, mas o risco de vivermos encapsulados na própria ilusão, é maior do que a dor de vivermos dentro da dura realidade de nossa desimportância.

Afinal, o que de fato somos uns para os outros senão frágeis companheiros dessa tão dificil e dolorosa evolução?

Talvez o Qintana fosse um anjo, pois sabia de tudo, e dizia: Nada se perde, tudo muda de dono...

Ou como o máximo da sabedoria, colocar em seu epitáfio: "Eu não estou aqui"

...ou ainda:"Santo da minha devoção? São Jorge, com seu cavalo e seu dragão. Sou devoto dos três.”


(Mário Quintana)

E assim, inspirada nas belezas da simpicidade de Quintana, paro por aqui, com a última inspiração de meu poeta preferido:"A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa"

Torço para que cada um de nós faça o seu melhor, até porque sempre há um "Neves" de plantão, prontinho para desbravar horizontes que podiam ter sido visto por nós...

Paz, Luz e felicidades nas descobertas de cada um ...

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

ANDAR, ANDAR, ANDAR TANTO QUE DAREI UMA VOLTA INTEIRA EM MEU PRÓPRIO MUNDO...



-Doutora, estou doente. Acho que não ando bem de mim mesma...é um eu que dói aqui, um eu que dói ali, pedaços de mim que não consigo encontrar...
-Hummm...acho sério: Você tem sentido suas partes internas desencaixadas, como um quebra cabeça com partes que se perderam durante a vida?
-Bem, acho que sim...meu coração está para um lado, a cabeça para o outro, tenho abraços e beijos travados em mim..estou confusa Doutora...
-Essa confusão é natural minha filha. Vamos fazer um exame e medir o nível de seu auto-conhecimento, podemos avaliar também sua capacidade de dar e receber o amor, pois as vezes ocorre uns desequilíbrios, nada demais...acontece muito hoje em dia.
-É doutora, conheço muita gente assim hoje em dia, parece uma epidemia, um surto de loucura globalizada.
-Pois é, o seu caso não é tão grave, mas gera muitos sintomas e a prescrição é a seguinte: Ande, ande, ande tanto até que você dê a volta inteira em seu próprio mundo, depois disso volte aqui e conversaremos. Ah, e não se esqueça do "filtro solar"!
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Acho que entendi porque pessoas sobem montanhas, porque escalam picos nevados, porque caminham longas maratonas, porque atravessam continentes à pé...foi o médico quem mandou...rss
Antes eu não entendia, mas devem ser como eu e tantos outros nesse mundo adoecido de desamor, que chega a nos contaminar com a falta de esperança e de perspectivas de novos horizontes.
Então, escalamos picos para ver mais longe, para vislumbrar novas fronteiras, subimos montanhas para fortalecer a fé na força interior e determinação para um dia poder alcançar nossos sonhos, e andamos para encontrar o que de nós  mesmos foi perdido.
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Hoje eu segui os conselhos dessa doutora ancestral que vive em mim, é uma velha, sábia senhora, dona dos segredos de meu destino, bruxa, quieta, visionária, inspirada, alucinada as vezes, mas sempre inteira e forte em seus remédios, daqueles que servem para cortar o mal pela raiz.
Fiz o que ela mandou: andei...andei muito, e ainda estou andando mesmo sentada aqui enquanto escrevo em silêncio.

E vou andar mais, até que meus pés se gastem no chão.
Muito mais até que minhas pernas se gastem no caminhar.
Mais ainda até consumir meu ventre, meu peito e meu coração.
Andarei tanto que me gastarei até que não me sobre nada, e eu me reencontrarei de volta em mim mesma, depois de dar uma volta inteira em meu próprio mundo.
Depois, acho que poderei olhar para os lados, reconfortar os que estão próximos, enxugar os suores dos que andam junto de mim, descobrir lugares que não foram visitados...
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-Doutora, estou de volta.
-E então, melhorou?
-Realmente já me sinto melhor, quando comecei a andar para chegar até aqui me senti um pouco egoista, achava que estava dando atenção demais às minhas próprias dores, mas estava errada.
-É assim mesmo, olhamos tanto para as pegadas dos outros ,que acabamos por nos perder da nossa própria trilha...agora é só seguir em frente...ande muito, dando sempre uma volta inteira em seu próprio mundo, depois vá acrescentando outras metas.
-Ok, Doutora, tudo bem...vou fazer assim, sem medo de ser egoista, e sem medo de ser quem eu sou. Quando volto para uma revisão?
-Quando quiser, sempre que puder, mas venha andando,rsss...
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Beijocas, Sonia...

domingo, 8 de novembro de 2009

A PALAVRE É DE PRATA, E O SILÊNCIO É DE OURO...



Lutar com Palavras é a Luta Mais Vã


Lutar com palavras é a luta mais vã.
 Entanto lutamos mal rompe a manhã.
São muitas, eu pouco.
 Algumas, tão fortes como o javali.
 Não me julgo louco.
Se o fosse, teria poder de encantá-las.
 Mas lúcido e frio,
 apareço e tento apanhar algumas para meu sustento num dia de vida.
 Deixam-se enlaçar,
tontas à carícia e súbito fogem e não há ameaça e nem há sevícia que as traga de novo ao centro da praça.


Carlos Drummond de Andrade, in 'Poesia Completa'

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Já dizia minha avó, o silêncio é de ouro!
Mas você já experimentou calar em sua boca algumas palavras que vem com a violência de um javali, ou venenosas como uma serpente, ou ainda gélidas como uma nevasca, descontroladas como uma bala perdida, ou perigosas como uma praga rogada?
Garanto que sim! Faz parte da experiência humana ter que lidar com a emoção e a explosão, as vezes um tanto descontrolada, que atingem nosso cerebro descarregando nas palavras sua carga de tensão.
Nem sempre conseguimos, não é?
Ofender, agredir verbalmente, caluniar, rebaixar, vingar, dar o troco...para que?
Depois, geralmente tarde demais vem o arrependimento, a culpa e a dor por ver o resultado dolorido das tristes consequências, mas já não tem mais jeito!
As palavras duras já foram concretizadas na fala, e lá estão seus resultados amargos jogados ao vento, lançandos no solo do coração de quem as ouviu a triste semeadura de flores negras.
Pedir desculpas adianta?
Muitos dirão que não! Que já não adianta mais...não sei, talvez não conserte o estrago total, mas pelo menos demonstra um reconhecimento da dor que foi causada.
Mas o que mais me espanta é que na mesma proporção que é tão fácil ferir e magoar, usar das palavras como artifício de guerra e de destruição, é inversamente tão difícil usa-las para construir o bem e o bom falar!
Pequenas palavras que se transformam em gentileza, geram momentos de serenidade e esperança, regam corações destruidos pela dor, curam com palavras de alegria, elogiam, poetizam, amam...precisam de coragem e humildade para sairem  de dentro de nós.
Hoje, olhando em torno de minha vida, cada vez mais entendo a minha avó: Se for para lançar qualquer coisa ao vento, que seja boa e que valha a pena, pois o vento acaba nos trazendo de volta o que nele jogamos. Caso contrário, ainda de acordo com sua sabedoria de mulher simples, eu prefiro me calar, pois o ouro da minha Paz não é para ser disperdiçado.
Opa, você está achando que consigo ficar sempre calminha assim?
Claro que nem sempre consigo agir assim com tanta coerência, mas tento fazer disso algo concreto em minha vida, e hoje, quando entro em alguma situação desconfortável, algo em mim vai se ajeitando e já consigo encontrar um lugar mais tranquilo antes de soltar meu javali furioso na direção de alguém, rsrsrs...
Mas viver é aprender, e quando queremos de fato mudar algumas coisas em nós , é preciso algum esforço e determinação para que isso aconteça!
Se voce acha que tem sido muito duro ao falar, aproveite e comece a melhorar isso hoje, dizendo alguma coisa boa para alguém.
Já pensou passar a vida inteira se justificando, dizendo que voce é mesmo assim! Não dá não é?
No mínimo, aprenda a calar-se, respire fundo e se pergunte se daqui à trinta minutos você ainda diria o mesmo?
Boa semana, com boas palavras. Palavras de paz, constroem relacionamentos sadios.
Beijos