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domingo, 30 de agosto de 2009

Para quem não tem medo de mudar, as pétalas serão eternamente renovadas...


4o. Motivo da rosa


Não te aflijas com a pétala que voa:

também é ser, deixar de ser assim.


Rosas verá, só de cinzas franzida,

mortas, intactas pelo teu jardim.


Eu deixo aroma até nos meus espinhos ao longe,

o vento vai falando de mim.


E por perder-me é que vão me lembrando,

por desfolhar-me é que não tenho fim.


Cecília Meireles
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Os ventos da vida sempre trazem a necessidade da mudança, as vezes nos enganamos pensando que é fácil.
Talvez mais fácil para alguns, do que para outros, mas, mudar não é fácil...somos apegados até as nossas dores e aos "confortos" emocionais que elas nos proporcionam, com suas desculpas sempre muito convincentes e bem elaboradas.
Temos medo, medo de deixar ir. Medo de deixar ir aquela velha conhecida pessoa que bem ou mal tem dado "certo" até agora...e, basta mudar um pouquinho, que já vem alguém nos dizendo ou nos mostrando como é desconfortável viver com essa "nova pessoa" que luta por si mesma, que expressa desejos, que esboça novas atitudes, coisas tão simples, mas que podem ser mais incomodas do que imaginamos...
Quando vamos construindo nossa identidade, ninguém nos diz que é legal poder exercitar a maravilhosa brincadeira de mudar, errar e voltar atrás, se sentir feliz por dizer "eu era assim e agora sou assim"...
O que vejo é mais culpa, do que alegria nos processos de mudança. Mais sentimentos de derrota, do que aceitação pelas experiências que fracassam, como se isso não fosse uma coisa natural na vida de todos nós!
Passamos um tempo enorme numa luta pela preservação de rótulos inexpressivos e desatualizados. Não será a hora de deixa-los partir?
Como na poesia da Cecíla, "Não te aflijas com a pétala que voa: também é ser, deixar de ser assim"...
Sabe, tem gente que se orgulha em dizer EU SEMPRE FUI ASSIM, talvez essa pessoa, experimente um orgulho e vaidade imensa por isso, e sinta aquela alegria cheia de garantias incertas, que muitas vezes assustam e agridem quem está ao redor.
Como não quero criar nenhuma teoria nova, falo apenas por mim, mas quando me percebo com esse tipo de conversa, acho muito sintomático, rsrsrs, lá no fundo, meu coração sabe: Sonia, deixa de ser boba e arrogante, isso, é só medo de mudar!
Estamos todos nesse barco sem rumo aparente, que se chama vida. Sem controle sobre nada, à deriva, mínimas coisas nos fragilizam, e por isso nos apegamos ao que há de mais superficial e ilusório...a Cecília, que é poeta, deu-nos a solução:
"E por perder-me que vão me lembrando, por desfolhar-me é que não tenho fim"...
Se você acha que tem alguma coisa em você, que poderia ser diferente, ouse, pois um universo tão criativo não merece nossa mesmice!
Beijocas...

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