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terça-feira, 19 de maio de 2009

Nossos vícios de pensar, e a perspectiva que temos de nós e da vida...


Quem somos nós, é o que todo mundo já se perguntou um dia...
Depois desta crucial pergunta, vem outras. Qual o propósito da minha vida, o que estou fazendo aqui, qual o sentido disso tudo, porque a vida de alguns é tão difícil e a de outros parece tão fácil, e só para não alongar demais, vou terminar com a clássica pergunta, para onde iremos, se é que há algum lugar para ir, depois que morrermos?
Não tenho intenção alguma de dar tais respostas, muitos filósofos e teólogos passaram suas vidas dedicados a esta tarefa. As respostas são as mais variadas e certamente escolhemos as melhores respostas dentro de um ponto de vista pessoal. A que nos convence mais pela lógica, a que nos toca o coração, a que tem um aspecto transcendente e místico ou por qualquer outro motivo, nossa resposta preferida, expressa uma forma de pensar o mundo e a nós mesmos.
Vou ficar com a pergunta "Quem somos nós?"
Somos quem pensamos ser, e mesmo que a avaliação disso não resulte em momentos de festa e comemoração, o que de fato quase nunca acontece, somos tão apegados a quem pensamos ser, que mesmo quando não estamos muito felizes com o que vemos, fazemos absoluta questão de nos preservar em nossos estreitos moldes. Parece loucura, não é?
Se você não acredita, experimente fazer uma pequena mudança e veja o quanto é difícil, ou quanto tempo é capaz de persistir nessa tarefa!
Podemos até argumentar que conhecemos algumas pessoas que quando decidem mudar, mudam! Vou te perguntar quantas, e talvez só um dedinho da mão seja levantado, rsrsrs
Claro que existem pessoas mais flexíveis, que se trabalharam para ver as questões sobre múltiplas perspectivas. Podemos considerar que para elas a mudança não é algo ameaçador, sua estrutura é consideravelmente saudável para suportar os balanços da mudança. Mas regra geral, não é assim.
No processo de descobrir quem somos, confundimos o ser, o self criador, com o produto criado ou os atributos do ser. E acredite, chega a ser assustador a potencia que isso tem!
Vou usar um exemplo:
Imagine que no inicio da vida de alguém, uma pessoa de importância e valor afetivo, diga repetidas vezes para uma criança que ela é um amor, ela é tão boazinha e educada, faz tudo direitinho e nunca reclama de nada...
Se em algum momento a criança reclamasse de uma coisa ou tivesse um ato criativo, porem que quebrasse as regras desse jogo, imediatamente seria reprovada, desamada e talvez rejeitada, até que voltasse a ser boazinha.
O ato de ser amado, associa-se ao ato de reprimir-se. O self criativo, livre para escolher entre os riscos necessários ao crescimento, acaba por ceder lugar a um atributo do eu, sedutor e falso.
Então, quem somos nós? A pergunta é inquietante, e nessa altura do campeonato, seria justo questionarmos: Somos fruto de uma hipnose social, familiar, somos viciados nesses atributos do ser, somos afetivo-dependentes de que nos façam elogios e gracinhas?
Ai, que coisa desagradável ter que pensar nisso, será que sou viciada nesse velho e desgastado eu?
O pior, é que é bem possível que seja assim, pois temos um monte de mecanismos bioquímicos que interagem com nossas emoções, fazendo soar um desagradável sinal de alerta, quando essa frágil estrutura se vê correndo riscos de transformar-se.
Entre o vício de ser objeto do agrado alheio e a dor de criar-se e arriscar-se na descoberta de sua singularidade, o que vale mais a pena? Essa resposta eu não posso responder por ninguém...posso simplesmente afirmar, a alegria que é ver pessoas que ousam mergulhar no processo de auto-descoberta, revelando para si mesmas o quanto podem ser tão fantásticas e ricas interiormente, quando deixam para traz seus velhos personagens e assumem o risco de agradar a si mesmas para variar.
Isso requer disposição, coragem e respeito. Uma certa dose de ousadia e disciplina, um pouco de humildade, pois não somos tão espetaculares assim, e o bom humor para, ao chegar próximo de nós mesmo possamos rir desta ilusória vida que vivemos.
Tudo é passageiro e fugaz... Nós mesmos estamos embarcados nessa nave mãe, a mercê das intempéries da vida. Nossa fortaleza se estabelece na consciência da inconsistência da vida, na própria fragilidade. Estamos vivos hoje, daqui a pouco...será? Somos ligados uns aos outros por laços de afeto, não é?
Então é bom começar amando a si mesmo, com equilíbrio, respeito e gentileza...

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